Eurídice

EURÍDICE era esposa do músico e poeta Orfeu. Um dia, quando passeava com as companheiras ninfas, foi mortalmente picada por uma serpente. Segundo outra versão, tal fato teria se dado quando ela fugia do pastor Aristeu, que tentava violentá-la. Cheio de desespero pela morte da amada, o Orfeu desceu aos infernos para buscá-la.

Emocionando as divindades infernais com seu lamurioso canto, o viúvo obteve o consentimento para levar a Eurídice de volta à vida. Tinha, porém, de respeitar uma condição: não poderia olhar para ela antes de atingirem a luz da superfície. No retorno, prestes a deixar o mundo infernal, o Orfeu não resistiu: voltou-se para ver o rosto da amada. Imediatamente, uma irresistível força arrebatou-lhe a Eurídice, condenando-o, assim, a viver sozinho na terra.

No cinema, o mito da Eurídice foi retratado no filme “Orfeu”, produção brasileira dirigida pelo Cacá Diegues em 1999, com a Patrícia França e o Toni Garrido nos papéis centrais. Numa segunda tradição, Eurídice era o nome da filha do Lacedêmon, filho do deus supremo Zeus com a Taigete, e da Esparta, nome dado à famosa cidade da Região do Peloponeso. Nessa tradição, a moça se casou com o Acrísio e com ele teve a Dânae. Numa terceira tradição, Eurídice era o nome da esposa do Creonte, rei da cidade de Tebas. Na quarta e última tradição, Eurídice era o nome da filha do adivinho Anfiarau com a Erifila.

Pausânias

Em relação à primeira e principal tradição, o historiador Pausânias, autor da obra “Descrição da Grécia”, discorda. Essa discordância se dá principalmente quanto ao mito da ida do Orfeu ao inferno para buscar a Eurídice. Na verdade, segundo o autor, que também era geógrafo e viajava muito, o Orfeu teria se dirigido à cidade de Tesprócia na Região do Épiro, onde, dizia-se, havia um oráculo dos mortos. O viúvo acreditava que o espírito da esposa o seguia. Entretanto, o espírito teria ido embora quando ele se virou para conferir. Tomado de imensa tristeza, o Orfeu teria cometido suicídio.