08/10/2020 — O filme “As Montanhas da Lua” foi lançado mundialmente no dia 23 de fevereiro de 1990. Embora não tenha feito uma grande bilheteria (apenas US$ 4,012 milhões), o tema chamou a atenção da área científica por se tratar de um retrato biográfico do explorador britânico Richard Burton. O roteiro se concentra no fato histórico da descoberta da nascente do Rio Nilo no Egito. Na pele do explorador, o diretor Bob Rafelson colocou o ator irlandês Patrick Bergin. Na busca, o Burton conta com a ajuda do companheiro John Hanning Speke, vivido pelo ator escocês Ian Glen. O egípcio Omar Shariff tem uma participação especial na pele de um chefe árabe. Destaque ainda para a fotografia do Roger Deakins, com imagens belíssimas da nascente do Nilo.
Richard Burton
RICHARD FRANCIS BURTON nasceu no dia 19 de março de 1821 na cidade de Torquay, Condado de Devon, Inglaterra. Morreu no dia 20 de outubro de 1890 na cidade de Trieste, Itália. Além de explorador, os historiadores o apresentam como escritor, tradutor, linguista, geógrafo, antropólogo, agente secreto e diplomata.
Era filho de um tenente-coronel do exército inglês. Foi muito rebelde na infância e na adolescência. No início da década de 1840, após ser expulso da faculdade, ingressou nas fileiras da Companhia das Índias Orientais, o que lhe deu oportunidade para viajar pelo mundo. Em pouco tempo, tornou-se um “especialista” na geografia e no modo de vida dos povos da Ásia e da África. Nessa convivência, aprendeu 29 idiomas e diversos dialetos.
Estudou os usos e costumes dos povos asiáticos e africanos. É considerado o pioneiro dos estudos etnológicos. Viajou à cidade sagrada de Meca na Arábia Saudita, mortalmente proibida a não muçulmanos. Disfarçado de afegão, também foi à cidade de Harar, capital da Somália, de onde nenhum outro homem branco havia saído com vida. Junto com o companheiro de aventuras John Haning Speke explorou a região dos grandes lagos africanos e descobriu o lago Tanganica quando procurava a nascente do Rio Nilo. Depois, serviu como cônsul na cidade de Bioko na Guiné Equatorial.
No Brasil, percorreu o rio São Francisco, passando longo período em Minas Gerais e na Bahia. Traduziu uma versão não censurada do clássico “As Mil e Uma Noites”, acrescentando uma série de notas a respeito de pornografia, homossexualidade e sexualidade feminina. Sob o risco de ser preso, traduziu manuais eróticos, entre eles o “Kama Sutra”. A postura liberal dele contribuiu para torná-lo uma figura polêmica e controversa na Inglaterra, pois despertou a fúria e o puritanismo da época. Mesmo assim, recebeu o título de “Cavaleiro do Reino” das mãos da rainha Vitória em 1886. Faleceu na cidade de Trieste, Itália, em 1890 quando ocupava o cargo de cônsul britânico. Diversos livros foram escritos sobre a vida do explorador, com destaque para o “Jornada à Nascente do Nilo”.